Criança e Saúde

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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O geno valgo do adolescente: A correção.


O geno valgo é uma deformidade nos membros inferiores, visto em crianças e adolescentes que, ao ficarem em pé, os joelhos ficam encostados enquanto que os tornozelos ficam afastados.


Popularmente conhecido como joelhos tortos para dentro ou pernas com aspecto "em tesoura" ou até, "pernas em X".





É considerado normal e fisiológico em determinado momento da vida da criança, com previsão de correção espontânea e progressiva, não exigindo nenhum tratamento, na maioria das vezes, apenas acompanhamento ortopédico regular.

As deformidades simétricas e com a medição da distância dos tornozelos dentro dos padrões estabelecidos para cada idade, devem ser apenas acompanhadas para avaliar se a história natural para correção espontânea ocorrerá.

A maioria das pessoas tem algum grau de geno valgo leve, sendo considerado normal e não patológico.

O geno valgo acentuado é o que preocupa e deve ser tratado pois, a deformidade acentuada levará a sobrecarga articular assimétrica nos joelhos, predispondo ao surgimento de dor e desgaste precoce articular (osteoartrose).


Geno valgo acentuado, visão posterior.

História familiar positiva com a presença da deformidade acentuada em pai e mãe e obesidade da criança, são fatores de risco que podem interferir negativamente na evolução natural.

Esses pacientes devem ser avaliados com mais regularidade para documentar eventuais pioras na deformidade.

Os casos que contrariam a história natural e que apresentam piora progressiva da deformidade, são aqueles que exigirão correção cirúrgica, mas, para isso, uma série de critérios precisam estar presentes.

A correção é feita com um procedimento cirúrgico, conhecido como epifisiodese.

Trata-se de uma cirurgia cujo princípio é o de direcionar o crescimento do membro inferior (crescimento guiado) e com isso corrigir progressivamente a deformidade.

Visa inibir a velocidade de crescimento do lado de dentro do joelho, permitindo que o crescimento do lado de fora ocorra e com isso a perna vai retificando progressivamente.

Para a correção ser considerada satisfatória, não precisamos ter pernas completamente retas, basta que o geno valgo volte para os valores  leves considerados normais para a idade e sexo do adolescente.

Trata-se de um procedimento minimamente invasivo (via de acesso cirúrgica percutâneo), tem recuperação rápida, permite caminhar imediatamente, no dia seguinte da cirurgia.

Existem diversas técnicas para esse fim mas, a de minha preferência é conhecida com epifisiodese com parafuso transfisário, ou seja, colocamos um parafuso através da região de crescimento do lado interno do joelho (femur distal medial) e com isso, inibindo a velocidade de crescimento desta região.


Parafuso transfisário.
Os dois joelhos são operados no mesmo momento porém, a correção só é observada meses após a cirurgia, uma vez que, para que a correção ocorra, é necessário o crescimento da região lateral do joelho.

Os critérios para a indicação são:

- Imaturidade do esqueleto, regiões de crescimento ósseo ainda abertas, acentuada deformidade com medida da distância dos tornozelos acima das fisiológicas, documentação de piora progressiva, desvio do eixo mecânico de carga dos membros inferiores, observado no exame de imagem.


Regiões de crescimento ósseo abertas

O critério idade do paciente deve ser sempre respeitado pois, para a correção ser exata e sem hipercorreção, devemos fazer a cirurgia no momento adequado.

Em alguns casos, usamos a avaliação da idade óssea como um critério a mais para a indicação.

Segue abaixo um exemplo de um caso tratado com resultado satisfatório para o adolescente e para os familiares.


Deformidade Pré- operatória:

Geno valgo acentuado visão de frente
Geno valgo acentuado visão posterior.
Distância dos tornozelos normalizada
Visão da correção







Não fiquem com dúvidas sobre o alinhamento dos membros inferiores de seus filhos/as.

Marque uma avaliação ortopédica especializada.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.

























segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O exagero no tamanho dos dedos do pé de crianças. Como tratar?





 A macrodactilia:


Chamamos de macrodactilia uma malformação congênita que caracteriza-se por um alargamento dos tecidos moles e elementos ósseos dos dedos do pé.

Os objetivos do tratamento ortopédico para este problema são o de promover um pé sem dor, capaz de acomodar calçados e com a aparência estética aceitável.

O alargamento e o aumento de altura da frente do pé dificultam o uso regular de calçados pois, comprimem o dedo envolvido, causando aperto do dedo contra o calçado e dor.

A macrodactilia pode ter comportamento estático ou progressivo.

Pode acometer somente os pequenos dedos do pé ou acometer também o hálux (dedão), como no caso ilustrado abaixo.



Observem o aumento da espessura do dedo, do tamanho e o alargamento da unha do "dedão".

O mais comum é acometer o segundo e terceiro dedos.


Quais as opções de tratamento existentes:





- Desengorduramento:

Trata-se de cirurgia de partes moles que visa retirar o excesso de tecido gorduroso e de pele do dedo envolvido e, com isso, diminuir a circunferência e altura do dedo.

Deve ser feito com cautela pois há risco de complicações vasculares e problemas de cicatrização da pele.


- Encurtamento da falange e/ou do metartarsiano:

Cirurgia óssea em que é ressecado um segmento através de osteotomia visando encurtar e diminuir o comprimento do dedo, realiza-se a osteossíntese do segmento remanescente.




- Epifisiodese:

Cirurgia que visa inibir o crescimento das falanges do dedo envolvido.


- Ressecção de todo o raio envolvido (dedo e metatarsiano) ou desarticulação do dedo:

Cirurgia reservada para quando os procedimentos de preservação do dedo são contra-indicadas.

A ressecção de todo o raio acometido tem como principal vantagem permitir o tratamento também do alargamento da frente do pé e promover um aspecto estético aceitável e melhor do que quando realizamos a desarticulação somente do dedo.

Geralmente, os procedimentos cirúrgicos são combinados, ou seja, realiza-se procedimento de partes moles associado a procedimento ósseo.



O resultado do tratamento:


Avaliação pré-operatória.

Resultado com 3 meses de pós-operatório.

Resultado 6 meses pós-operatório.
Conclusões:


A macrodactilia é um problema complexo do pé de crianças.

Os principais problemas encontrados são o aumento no comprimento, altura e espessamento da frente do pé.

O tratamento é longo, durante os anos de crescimento da criança e, frequentemente dividio em estágios cirúrgicos distintos.

Raramente conseguimos resolver o problema completamente com uma única cirurgia.




Cada caso deve ser individualizado quanto as escolhas de tratamento e a avaliação médica deve, obrigatóriamente, incluir exame físico e de imagem para documentação e definição do tipo de cirurgia e melhor momento para a sua realização.


Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239





quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Por que crianças tem dor noturna nas pernas?





 Dor noturna nos membros inferiores é uma queixa comum nas consultas ortopédicas pediátricas.

Estabelecer a causa exata para o problema não é uma tarefa fácil.

Saber as características da dor, sua localização, a frequência em que ocorre, presença ou não de sinais inflamatórios locais, o estado geral da criança e o exame da marcha com principal atenção para possível claudicação (mancar), nos darão pistas sobre as possibilidades de diagnóstico.

Dentre as diversas possibilidades, devemos sempre ter em mente o diagnóstico de osteoma osteóide.



O que é osteoma osteóide?




Trata-se de uma lesão óssea benigna ativa, pequena, que compromete os ossos longos principalmente dos membros inferiores, ou seja, o femur (osso da coxa) e a tíbia (osso da perna).

Acomete crianças e adolesccentes.

Clinicamente caracteriza-se por dor intermitente no segmento acometido, que piora a noite, muitas vezes, acordando a criança e exigindo inclusive uso de analgésico para amenizar a queixa.




O estado geral da criança permanece inalterado mas há, frequentemente, leve e sutil claudicação (mancar) na marcha.

No exame físico ortopédico, frequentemente, conseguimos localizar o segmento acometido pela dor (femur ou tíbia) pois, a dor pode ser provocada por manobras específicas.




A suspeita diagnóstica, só pode ser confirmada com a realização de exames de imagem sendo a radiografia simples e a tomografia os mais indicados.

O diagnóstico pode ser feito com a combinação de história clínica, exame físico específico e exames de imagem.

Geralmente não há necessidade de biópsia para a confirmação.

O que encontramos no exame de imagem?

A imagem típica caracteriza-se por uma área central escura, chamada de "nidus", rodeada por uma área esclerótica, ou seja, branca, que representa osso normal pios, a lesão é produtora de osso.

Note a área escura central rodeada por área branca periférica.


Outra caracteristica encontrada é a de ser uma lesão pequena e bem delimitada.

A lesão não enfraquece o osso e, portanto, não leva a fratura dita patológica, ou seja, aquela provocada por trauma de baixa intensidade em osso acometido por patologia prévia.

O principal problema da lesão é a dor incapacitante para a criança que necessita de tratamento.




Quais as principais modalidades de tratamento?

O tratamento depende da localização da lesão e da intensidade dos sintomas.

A principal modalidade existente é a ressecção cirúrgica do "nidus" (área central da lesão), com o procedimento sendo realizado sob controle de intensificador de imagem.

Em lesões de difícil acesso cirúrgico, há a possibilidade de ablação térmica do "nidus" (área central da lesão), com radiofrequência, em procedimento feito sob anestesia e guiado por tomografia computadorizada para a exato posicionamento do cateter de radiofrequência.

O prognóstico é bom, evoluindo para a cura completa da lesão e sintomas, desde que o "nidus" seja ressecado completamente.

Recorrências podem ocorrer se a ressecção cirúrgica da área central da lesão for incompleta.




Conclusões:

Fazer o diagnóstico exato para a dor noturna nos membros inferiores de crianças, nem sempre é uma tarefa fácil.

Existem diversas possibilidades de diagnóstico diferencial para a mesma queixa.

Somente através de consulta ortopédica detalhada com história clínica, exame físico específico e exames de imagem, chegaremos a causa exata.

O osteoma osteóide deve ser sempre incluido como uma dessas possibilidades de diagnóstico.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239