Criança e Saúde

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A postura da coluna da criança.


 O formato da coluna da criança é uma fonte de preocupação constante.

Qualquer anormalidade observada na postura da coluna, quando a criança esta sentada ou durante a marcha, gera ansiedade e busca incessante por informação sobre como corrigir este problema.

Não vamos conversar sobre a escoliose pois, já existem diversos artigos publicados neste blog sobre o assunto, inclusive, convido aqueles que ainda não leram, a terem uma prazeirosa leitura destes artigos.

Vou me concentrar aqui, sobre a postura da coluna torácica em cifose, ou seja, aquela em que a coluna e os ombros se curvam para frente, gerando um aspecto arredondado  nas costas da criança.


A ansiedade e preocupação da família, inicialmente, é com a aparência da coluna, visto que, geralmente, não há queixas dolorosas, as atividades são realizadas normalmente, inclusive as esportivas.

Alguns questionamentos precisam ser respondidos como:

- Será que a aparência vai piorar com o crescimento da criança?

- Precisa usar colete para a correção?

- Vai ter dor no futuro?

O ponto de vista ortopédico:


Todos nós temos a conhecida cifose da coluna torácica e, portanto, nossa coluna nesta região tem um leve aspecto arredondado.

A cifose torácica é fisiológica e normal desde que, seja leve e flexível.

O que é uma cifose leve?

A aparência das costas é um critério subjetivo, ou seja, o que é acentuado para um familiar, pode ser considerado leve para o profissional de saúde e vice-versa.

Para acabar com essa característica subjetiva, existem os critérios absolutos de medição da cifose, que dependem da realização de exame de imagem.

Com isso, só podemos objetivamente classificar uma cifose torácica da criança como leve, quando as 
medições das imagem mostrarem valores fisiológicos e o exame físico revelar uma cifose flexível.

Quando suspeitar da cifose patológica?

Quando a cifose e o aspecto arredondado das costas forem progressivos, rígidos e dolorosos.

Conhecida como cifose juvenil, trata-se de uma patologia nas costas da criança ou adolescente, com incidência de 1 a 8% da população e com idades de surgimento variando entre 8 a 12 anos. Existem as
formas mais severas, que surgem após 12 anos de idade.

Além do quadro clinico relatado acima, para o diagnostico da cifose juvenil, precisamos encontrar
alterações no formato das vértebras, diminuição do espaço interverterbral e acentuado valor na
medição no exame de imagem.


A razão primária para procurar tratamento vem a ser a deformidade e a aparência da coluna.

O tratamento:

Exige exercícios fisioterápicos para reabilitar a postura com alongamento da musculatura peitoral,
fortalecimento dos extensores do tronco, alongamento dos músculos posteriores da coxa e flexores do quadril, fortalecimento da musculatura abdominal.

Nos pacientes imaturos esqueleticamente, com cifose juvenil, rígida e progressiva, é necessário associar o uso dos coletes para a completa correção da deformidade, até completarem a maturidade do esqueleto.

Correção cirúrgica só e indicada para deformidades acentuadas, em pacientes já maduros
esqueleticamente, com dor refratária e insatisfação com o aspecto corporal.


Conclusões:

É importante diferenciar cifose fisiológica (leve e flexível), daquelas patológicas (rígidas, progressivas e dolorosas).

O tratamento para cada caso é diferente e, quando bem indicado, oferece resultados a longo prazo
satisfatórios com a correção da deformidade e analgesia.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. para agendamento de consultas: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O pé da bailarina.


 A prática de ballet clássico é muito comum entre crianças e adolescentes.

Envolve uma série de movimentos articulares, para garantir uma boa performance artística, que não são realizados na rotina diária do jovem praticante, seja ele menino ou menina. Sim, para quem desconhece, nas academias de ballet, também encontramos meninos praticando, embora em quantidade muito menor em relação as meninas.

A realização de movimentos repetitivos extremos,  submetem os membros inferiores e coluna vertebral a sobrecarga mecânica que pode predispor a lesões.

As lesões que ocorrem no/a jovem praticante diferem daquelas encontradas nos adultos e, por isso, diversos estudos publicados alertam para essas diferenças.


A incidência de lesões esta diretamente relacionado ao número de horas de dança praticado por semana.

Sendo maior nos períodos de intenso treinamento, que antecedem as apresentações artísticas.

As lesões podem ser de duas naturezas: as traumáticas ou as por esforço repetitivo.

Estudos revelam que as lesões por esforço repetitivo são as mais freqüentes do que as traumáticas, na faixa etária maior ou igual a 11 anos.



O local mais comum de lesao é o pé e o tornozelo.

Nas meninas, pé, tornozelo e joelho tem igual incidência de lesão, principalmente,  na faixa etária  dos 11 aos 14 anos.

Lesões que ocorrem em crianças abaixo de 10 anos, não tem significado estatístico pois, não são frequentes, o que reflete a menor complexidade de movimentos realizados pela criança, nesta fase da vida.

Com relação as lesões de origem traumática, a mais frequente é a entorse (lesão ligamentar) de tornozelo e pé.



As lesões por esforço repetitivo mais comuns são as tendinites/tenossinovites (inflamação em tendões e na sua bainha de revestimento), principalmente no tendão de Aquiles, fascia plantar e
tendão flexor longo do hálux (dedão do pé).

Devemos ressaltar que fraturas por movimentos repetitivos (stress), nos pés são comuns, levam a dor no mediopé e antepé, de inicio insidioso, mais comum nas adolescentes, devido a sobrecarga a que esses ossos são submetidos durante as realização da dança na ponta do pé.

Conclusões:


A incidência de lesão é a mesma para ambos os sexos e, tende a aumentar com o avançar da idade do 
jovem.

A maioria das lesões são por esforço repetitivo e nos membros inferiores (tornozelo e pé), sendo as tendinites, as mais comuns.

A lesão traumática mais comum é a entorse de tornozelo.




Esses resultados chamam a atenção para a necessidade de programas de prevenção de lesões para as bailarinas,  a medida que evoluem dentro da prática da modalidade esportiva.

Ênfase deve ser dada na intensidade ideal dos treinamentos, respeitando os limites do corpo, 
permitindo o período regenerativo, para recuperação musculoesquelética, dar importância a técnica de execução dos movimentos, na rotina de manutenção da flexibilidade e força nos membros inferiores e do uso adequado de equipamentos (sapatilhas com acolchoamento interno) e proteção para tornozelos.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. para agendamento de consulta: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239




segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A criança hemiplégica e o membro superior.



 A hemiplegia é uma encefalopatia crônica, não progressiva, que leva a distúrbio do movimento, coordenação e força em um dos lados do corpo da criança.

Trata-se de uma lesão no sistema nervoso central (áreas motoras do cérebro), geralmente de natureza isquemica, ou seja, devido a falta de oxigenação adequada, ocorrendo com mais frequência em crianças prematuras.

O comprometimento motor ocorre no membro superior e inferior no mesmo lado do corpo.

No inicio da vida da criança, a preocupação predomina no membro inferior onde, muitas vezes, encontramos deformidade no pé, em equino, ou seja, a criança fica em pé somente na ponta do pé, além de caminhar mancando.

O membro superior fica em segundo plano, no inicio da vida da criança.



Após o surgimento da marcha independente, os familiares passam a procurar melhorar o desempenho do membro superior para as atividades da criança.

Existe um desequilíbrio muscular no membro superior da criança hemiplégica, com predomínio da musculatura flexora gerando forças deformantes no cotovelo, antebraço, punho e dedos.

A hipertonia (espasticidade) determina a deformidade mais comum encontrada, ou seja, cotovelo em flexão, antebraço pronado (a palma da mão fica virada para baixo), punho e dedos da mão fletidos e o polegar  fletido e aduzido, aproximando-se da palma da mão.



A dificuldade da criança em alcançar objetos com o membro superior acometido bem como, dificuldade para abrir e fechar os dedos da mão, impossibilidade de passar um objeto de uma mão para outra e, para realizar a extensão do punho, são visíveis e motivo de tratamento.

Nos casos de deformidades fixas e graves, além das dificuldades citadas acima, os familiares relatam dificuldade de higiene das pregas de flexão do punho e dedos, além de dificuldade de vestir roupas pois, com punho deformmado e o cotovelo fletido, existe dificuldade para passar o braço através das mangas de blusas.

Importante saber que a função do membro superior na hemiplegia nunca será igual a do membro
superior normal.

Sua função sempre será de auxiliar nas atividades do membro superior não acometido.

A avaliação com exame físico ortopédico, não é fácil pois, depende da maturidade da criança, da
idade cronológica e da sua concentração em cooperar com as solicitações feitas durante a consulta.



No exame passivo, procuramos mobilizar cada articulação do membro superior separadamente e,
avaliar a amplitude de movimento, se é completa ou se já existe deformidade fixa.

O tratamento ortopédico visa impedir o surgimento de deformidades fixas no membro superior e,
naqueles casos onde as deformidades já existem, promover a correção para que a função melhore.

No quesito prevenção de deformidades, as modalidades existentes são: Fisioterapia motora, terapia
ocupacional, órteses e terapia com botox.

As correções cirúrgicas, são indicadas para os casos onde as deformidades fixas já existem e, como
opções temos: Alongamentos tendinosos no antebraço, dos músculos flexores dos dedos e polegar,
transferência tendinosa para melhorar a extensão do punho e supinação do antebraço (movimento rotacional do antebraço que permite a palma da mão ficar para cima).

Nos pacientes já maduros esqueleticamente e com deformidades graves, a opção de tratamento passa
a ser correção com fusão do punho (artrodese).



Conclusões: 

Com o tratamento adequado, oferecemos um membro superior funcional para a criança,
com melhora na extensão do punho, dedos, preensão para segurar objetos e facilitação para abrir a
mão e o polegar.

A indicação cirúrgica depende de vários fatores para sua realização e de um bom
entendimento dos familiares quanto as reais expectativas com os resultados.

De uma maneira geral os pacientes ficam satisfeitos com a melhora estética e funcional do membro
superior da criança hemiplégica.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. para agendamento de consulta: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A preocupação com a aparência dos pés da criança.





"Os pés do meu filho são feios".

Um estudo científico, publicado recentemente, revelou que o principal motivo que faz uma criança com pé plano ser avaliada pelo ortopedista pediátrico, vem a ser a preocupação dos pais com a aparência dos pés da criança.

Se estivermos diante de uma menina, questionamentos do tipo "quando ela crescer vai ficar com os pés feios assim!", são comuns em quem lida com este universo profissional.

Crianças tem pés planos, faz parte do desenvolvimento fisiológico dos pés.



Na grande maioria dos casos, tem resolução espontânea com surgimento progressivo da curvinha do pé (arco medial longitudinal).

São pés absolutamente normais do ponto de vista da função, ou seja, tem mobilidade livre, não tem dor, durante a marcha apoiam completamente o calcanhar no solo, permitem a criança correr e fazer todas as suas atividades livremente, inclusive esportivas.

Pés planos não fazem a criança ter quedas freqüentes durante a marcha e também, não levam a atraso no início da marcha.

Fatores como história família positiva para pé plano, encontrado nos pais, crianças com hipermobilidade articular (frouxidão dos ligamentos) e aquelas com sobrepeso ou obesidade influenciam no formato do pé encontrado.

A aparência do pé é uma questão subjetiva e não deve ser levado em consideração, isoladamente, no momento da avaliação feita pelo ortopedista pediátrico.



Nossa preocupação é com a função e com a existência ou não de dor nos pés e não apenas com o aspecto estético dos mesmos.

O tratamento só deve ser recomendado para aqueles pés planos que tem sintomas dolorosos evidenciados na avaliação médica.

O que faz um pé plano ser doloroso em algumas crianças e outros nunca apresentarem sintomas?

Esta é uma pergunta que ainda precisa ser mais estudada para o completo esclarecimento.

Sabemos hoje que, todo pé plano que apresenta dor, precisa ser avaliado com exame físico e, obrigatóriamente, com exame de imagem.

Existem diversos parâmetros radiológicos que avaliam o alinhamento das articulações do pé que, quando alterados, estão relacionados ao surgimento dos sintomas.

Quando estamos diante de crianças com pés planos flexíveis, idiopáticos, com movimentos livres e com queixas dolorosas, devemos sempre ter um mente que o tratamento inicial deve ser sempre conservador.




O tratamento tem por objetivo aliviar os sintomas e não melhorar a aparência do pé.

Queremos que a criança tenha um pé funcional, não necessariamente "bonito".

Os familiares precisam saber que correção cirúrgica deste tipo de pé é exceção e, só deve ser
cogitado para pés que são refratários ao tratamento conservador e que persistem com dor.

Nunca deve ser a primeira opção de tratamento.

Conclusões:


Pés planos, embora possam ser considerados feios, do ponto de vista exclusivamente estético, não necessitam de tratamento, desde que não tenham sintomas.

A maioria dos casos tem correção espontânea com surgimento progressivo da curvinha medial, durante o crescimento da criança.

Os casos dolorosos, idiopáticos e com movimentos livres, devem ser avaliados com imagem e serem tratados conservadoramente inicialmente.

Cirurgia somente para casos refratários ao tratamento inicial e que persistem com dor.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. para agendamento de consulta: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.