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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Crianças que caminham com os pés para dentro.



 A marcha com os pés para dentro é um motivo frequente de consulta ortopédica.

O cenário encontrado é de uma criança que caminha com a frente dos pés apontando para dentro, muitas vezes, os familiares referem que a criança tropeça e cai com frequência devido a colisão de um pé com o outro durante o passo.

Frequentemente relatam que a criança em questão costuma sentar na posição de "W", ou seja, sentam sobre os pés quando estão brincando.


Usam calçados normalmente, não tem dor nas articulações, não mancam e fazem as atividades diárias sem restrição.

Cabe ao ortopedista pediátrico, diante deste relato, realizar uma avaliação física completa da criança, tentando identificar o local exato do membro inferior que é o responsável pela marcha com os pés virados para dentro.

Apesar dos familiares referirem que os pés estão para dentro, na maioria das vezes, os pés tem o formato normal.

Precisamos entender que o membro inferior é composto pela coxa, perna e pé. A deformidade rotacional interna, responsável pela marcha com os pés para dentro, pode estar localizada em qualquer um desses segmentos.


 Como sabemos onde esta o problema?

Através de um exame fisico ortopédico, feito pelo especialista, na consulta médica. Não precisa de exame de imagem, o próprio exame físico cuidadoso é diagnóstico.

Como citado anteriormente, na maioria das vezes os pés tem seu formato normal com a borda lateral retificada e, portanto, não são os responsáveis pela marcha com os pés para dentro.

Na maioria das vezes, o osso da coxa (femur) é o responsável pois, apresenta uma deformidade em torção interna. Se o osso da coxa esta rodado internamente, fica fácil entender que os segmentos abaixo da coxa, ou seja, perna e pé ficarão virados para dentro durante a marcha e, por isso, as familias, ao olharem para os pés, acham que o problema esta nos pés.

No exame físico observamos um exagero na rotação interna dos quadris, quando examinamos a criança em decúbito ventral.


A torção interna femoral, na maioria das vezes é uma deformidade que já nasce com a criança. Cerca de 85% dos casos tem melhora espontânea com a diminuição fisiológica progressiva da anteversão femoral.

Alguma vezes, a melhora ocorre devido a mecanismos compensatórios no próprio membro inferior, sendo que, o mais conhecido vem a ser o surgimento de torção externa tibial, fazendo com que os pés fiquem posicionados para frente, durante a marcha.

De uma forma geral, a marcha com os pés para dentro é mais comum em meninas mas, pode acometer meninos também.


Como relatado anteriormente, as crianças acometidas, na maioria das vezes não tem queixas dolorosas com as atividade diárias, inclusive as esportivas e, não há diminuição da performance esportiva por causa disto.

Trata-se de uma queixa muito mais estética do que funcional e, com muita frequência, ouvimos dos familiares frases do tipo "é muito feio vê-la andando assim".

A torção interna femoral, na maioria das vezes já nasce com a criança porém, pode ser uma deformidade adquirida também. Existem patologias que cursam com a deformidade rotacional interna femoral sendo que as mais frequentes são, a displasia do desenvolvimento do quadril, doença de Perthes e paralisia cerebral.

O tratamento, nos casos adquiridos, deve ser direcionado para a doença de base em questão.


Importante informar aos pais que, a deformidade rotacional interna femoral, não responde a medidas conservadoras portanto, uso de aparelhos noturnos, faixas elasticas anti-rotatórias, twister cable, palmilhas, fisioterapia, gessos sucessivos, órteses noturnas, são todas contra-indicadas para este fim.

O tratamento só deve ser indicado nos casos em que há um exagero na rotação interna femoral, associado a dor no quadril por bloqueio do movimento rotacional externo em pacientes cujo potencial de correção espontânea já terminou ou, no quadril que apresente displasia acetabular.

Obrigado pela atenção,

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel (Ortopedista Pediátrico)

Tel. para agendamento de consulta: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.



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